A EAD E O INGRESSO NO ENSINO SUPERIOR

A oferta de vagas do Ensino Superior a distância superou, pela primeira vez, a da presencial. De acordo com o último Censo da Educação Superior, divulgado em setembro de 2019, foram disponibilizadas 7.170.567 vagas de cursos de graduação naEAD e 6.358.534 na presencial. A EAD vem crescendo no País ao longo dos anos, e isso fica perceptível em outros dados do documento. Entre 2008 e 2018, por exemplo, enquanto as matrículas de cursos de graduação presenciais tiveram crescimento de 25,9%, as matrículas a distância aumentaram 182,5%.

Para o diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), Celso Niskier, a educação a distância é uma realidade em todo o mundo, e o Brasil segue essa tendência. “A EAD promove uma grande inclusão no Ensino Superior no Brasil. Sem essa modalidade, milhares de pessoas não conseguiriam realizar o sonho de fazer um curso superior, ou mesmo de fazer uma nova graduação”, afirma Niskier.

Vários são os fatores responsáveis pelo crescimento da EAD no País, mas um deles está relacionado à redução das despesas tanto para os alunos quanto para a IES. “Sem a necessidade do uso de instalações físicas, as instituições conseguem reduzir significativamente o custo do curso EAD. Por outro lado, o estudante também economiza com outras despesas, como transporte e alimentação. Assim, um curso mais acessível, que garante exatamente o mesmo conteúdo e formação, tem atraído cada vez mais os ingressantes na Educação Superior”, explica Niskier.

De acordo com o diretor presidente da Associação, as IES mais tradicionais têm a EAD como um importante ferramental de expansão territorial da sua oferta, impulsionada pelas novas tecnologias e inovação. “A EAD teve franca expansão após 2017, devido à criação de bônus regulatórios para aquelas instituições de comprovada qualidade, as quais puderam instituir e/ou ampliar a oferta da modalidade na sua região ou mesmo em âmbito nacional”, analisa.

Ingresso na modalidade presencial ainda é maior
O Censo evidencia que o número de ingressantes em cursos de graduação a distância cresceu substancialmente nos últimos anos. Em 2008, a participação percentual dos ingressantes nesta modalidade era de 19,8%. Em 2018, esse número foi para quase 40%. Enquanto isso, nos últimos 5 anos, os ingressos nos cursos de graduação presenciais diminuíram 13%. Mas, apesar do avanço da EAD, a rede presencial ainda recebe mais alunos novos. Em 2018, 2.072.614 pessoas ingressaram na graduação presencial e 1.373.321, na graduação a distância.

Para Celso Niskier, o modelo presencial ainda é mais aceito que o da EAD porque “ainda existem muitos preconceitos com relação à modalidade”. Segundo ele, “Naturalmente, em alguns cursos mais tradicionais, os estudantes têm certa resistência em buscar um curso EAD, com receio em relação ao mercado de trabalho. No entanto, graduados a distância possuem características muito valorizadas pelo mercado, como maior autonomia, responsabilidade, capacidade de organização e comprometimento com prazos. É importante ressaltar que o conteúdo ofertado independe da modalidade de ensino e deve estar em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais, os projetos pedagógicos dos respectivos cursos. Além de videoaulas, os cursos EAD também contemplam textos para leitura, fóruns de discussão, atividades conjuntas e aulas práticas presenciais, conforme estabelecido na DCN do curso. Outra questão que precisa ser considerada é que as tecnologias vêm sendo modernizadas, com um claro aceno de que a EAD só tende a se aperfeiçoar cada vez mais”.

A rede privada, inclusive, continua em expansão. Em 2018, o Brasil tinha 2.537 instituições de Educação Superior, sendo 299 públicas e 2.238 privadas.

A rede privada conta com mais de 6,3 milhões de alunos, representando uma participação de mais de 75% do sistema de Ensino Superior. “As IES privadas conseguem chegar a lugares onde dificilmente haveria oferta de Ensino Superior público. Sem essa atuação, haveria uma carência ainda maior de profissionais formados e qualificados no Brasil”, defende Niskier. “Induvidoso o efeito em relação à empregabilidade e remuneração – segundo o relatório Education at a Glance, da OCDE – o brasileiro formado no Ensino Superior ganha, em média, mais que o dobro (140%) de quem só cursou o Ensino Médio, bem como novos horizontes propiciados pela formação superior. Cursos cada vez mais dinâmicos e acessíveis oportunizam uma formação que tem respondido bem ao mercado de trabalho”, completa.

Fonte: ABMES